Amem-se!

25-07-2019

Aí o amor próprio! Aquele tema motivacional que na realidade não motiva ninguém! Vamos lá esmiuçar isto.

Já aconteceu a toda a gente ter um amigo por quem nutrimos sentimentos verdadeiros e a quem demos tudo o que gostaríamos de receber, até que, ele nos magoa, por qualquer razão: ou porque não foi sincero connosco, ou porque esperavamos mais dele, ou porque não fez por nós o que fariamos por ele. Pois... Ninguém gosta... Mas será que foi mesmo a outra pessoa que errou? Na realidade a resposta não é nada previsível: não, não foi o outro que errou! Fomos nós que criamos expectativas em relação a essa pessoa! Nem sequer lhe demos hipótese de escolher se ela era capaz ou não de as validar. E porque é que fazemos isso? O tão proclamado amor próprio! Melhor, a falta dele!

O povo português vê o amor próprio como egocentrismo e egoísmo, mas não é assim, as pessoas têm de perceber que se não nos amarmos não conseguimos amar mais ninguém! Quantas vezes ouvimos histórias deste género: "O meu marido tem outra, mas eu não o deixo, porque eu amo-o", não minha senhora! A senhora não o ama! Aliás, arrisco-me a dizer que não ama ninguém! E principalmente não se ama a si! O respeito, antes de vir de outro alguém, tem de vir de nós próprios e, se não vier, é porque não há amor.

As pessoas tendem a associar o amor próprio ao aspeto físico, por exemplo: é magra como um canivete - não tem amor próprio; é uma trituradora de kebabs - não tem amor próprio; tem uma ligeira falha entre os dentes incisivos - não tem amor próprio; nasceu sem o dedo mindinho do pé - não tem amor próprio... MAS! Se tiver nascido com umas medidas modelizadas, sem nenhuma falha no cabelo tipo Tony Carreira (depois do implante do mesmo), os dentes idênticos aos do Cristiano Ronaldo (depois de ficar rico) e preferencialmente não gostar de Kebabs, aí sim!! Tem amor próprio! Aí já PODE ter amor próprio. Não! Amor próprio é aceitarmo-nos como somos, é respeitarmo-nos e sabermos que não existe ninguém mais importantes que nós no mundo (exceto os nossos filhos), e porque é que tem de ser assim? Porque somos nós que nascemos connosco e que iremos morrer connosco! Somos nós que sentimos as nossas dores, somos nós que choramos as nossas lágrimas, e somos nós que vivemos dentro deste invólucro de carne e osso que não escolhemos, mas que é tão nosso. Respeitem-se! Amem-se!

Lembrem-se caros leitores, depois de finalmente se amarem, vão perceber que algumas pessoas vão ser cruéis convosco, sem motivo aparente, mas não fiquem tristes, essas pessoas só precisam de se amar mais a elas, é que muitas vezes a nossa luz própria assusta quem está à sombra.

Daniela Mendes