As vossas dúvidas sobre Métodos Contracetivos

19-10-2019

Quando pedi que os leitores do Chá&Mel sugerissem temas para serem abordados nesta Rubrica este foi o tema mais pedido. 

Hoje a Farmacêutica Daniela Correia tira todas as vossas dúvidas sobre os Métodos Contracetivos!

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Quais são os prós e contras de uma pílula? Que tipos de pílulas existem? 

Todas as pílulas são combinações de hormonas ou apenas uma isolada, e a escolha das mesmas e respetiva dosagem deve ser avaliada por um médico e adaptada a cada pessoa. Sendo de toma oral, as  hormonas sofrem uma absorção sistémica, isto é, chegam ao sangue, estando naturalmente associada a alguns riscos dada esta distribuição. Um dos grandes efeitos colaterais possíveis e mais temidos é a trombose, uma obstrução parcial ou total das veias por coágulos sanguíneos em determinadas regiões. Esta alteração na coagulação do sangue pode traduzir-se em dor e inchaço, sobretudo nas pernas. Dependendo da combinação e concentração de hormonas este efeito pode ser mais ou menos provável, não devendo esta ser alterada sem o consentimento médico. Para além deste efeito mais significativo podem ocorrer outros mais simples e associados ao efeito das hormonas no organismo, sobretudo nos primeiros meses da toma da pílula, tais como, dores de cabeça e menstruais, alterações no peso, aparecimento de acne, alterações de humor, entre outros. A toma da pílula é utilizada como anticoncecional, mas também com outros fins, como redução da acne e excesso de pelos, regulação do ciclo menstrual, minimização do risco de cancro do ovário e endométrio, diminuição do tamanho dos quistos nos ovários, entre outros. Com isto, a relação benefício-risco deve ser avaliada caso a caso, mas geralmente a probabilidade de ocorrência dos efeitos colaterais é reduzida sobrepondo-se, assim, o benefício da toma deste anticoncecionais. 

Há pílulas que "injetam" hormonas para o nosso corpo? Se sim, quais?

Como referido anteriormente todas as pílulas são compostas por hormonas, em associação ou individuais. São elas ciproterona, etinilestradiol, cloromadinona, desogestrel, dienogest, drospirenona, estradiol, nomegestrol, etonogestrel, gestodeno e levonorgestrel. 

A pílula engorda? 

Não existe nenhuma prova de que a toma da pílula por si só engorde, contudo, com o início da toma deste anticoncecional há uma grande alteração dos níveis hormonais que se pode traduzir num aumento de apetite, fazendo com que a pessoa acabe por engordar. A toma de determinadas hormonas pode ainda aumentar a retenção de líquidos. 

O uso da pílula durante vários anos prejudica quem depois, mais tarde, pretende engravidar? 

A toma da pílula não provoca infertilidade nem prejudica uma possível gravidez; quando esta é planeada deve haver um acompanhamento médico de modo a garantir que tudo é feito corretamente. Quando houver essa interrupção é natural que o organismo se tenha de habituar novamente à alteração hormonal, podendo haver alterações no ciclo menstrual e como tal o período de ovulação não é tão previsível. Contudo, cada mulher deve conhecer o seu organismo, tentar entender todas as alterações que nele ocorre e monitorizar os seus ciclos. 

O DIU protege de uma gravidez tanto como a pílula? 

Existem dois tipos de sistemas intra uterinos: o DIU, dispositivo intrauterino que não contém hormonas, apenas uma quantidade reduzida de cobre; o SIU, sistema intrauterino que contém uma hormona semelhante à progesterona produzida nos ovários. O SIU funciona então pela libertação da hormona que provoca o espessamento do muco cervical, o que impede a passagem dos espermatozoides, e altera o endométrio impedindo a fixação do ovo. No DIU, o cobre desencadeia uma resposta inflamatória que também impede a entrada dos espermatozoides no útero e impede a fixação do ovo. Estes dispositivos têm a duração de 5 a 7 anos e devem ser colocados por um profissional de saúde, da mesma forma que devem ser estes a determinar qual a melhor opção para cada mulher, tal como na pílula. A eficácia tanto de um como de outro é de 99%. 

O implante anticoncecional é seguro? Tanto como a pílula? 

O implante, tal como o DIU/SIU é constituído apenas por um progestagénio que é libertado constantemente a partir do bastonete que é inserido no braço. Esta hormona vai impedir a ovulação, impedindo consequentemente a fecundação de um óvulo. A duração do implante é de cerca de 3 anos e a sua colocação é feita, tal como no DIU/SIU, por um médico experiente, através de uma simples e rápida inserção no braço, com anestesia local. A sua eficácia é também de 99%.

Daniela Correia - Farmacêutica

Instagram: daniiibc