E se amanhã acordássemos invisíveis?

06-06-2020

Esta guerra acabava? Lutamos agora, não contra um vírus, mas contra nós próprios.

Sempre que inferiorizes qualquer pessoa só por ser diferente da tua raça ou cultura, estás a cometer um crime ético, chamado racismo.

A nossa sociedade parece que evoluiu apenas em termos tecnológicos, e tudo o que esteja diretamente relacionado connosco, como o ambiente, a educação e o dever cívico estão estagnados há muito tempo!

Existe uma enorme desigualdade entre as diferentes etnias, o que não faz sentido nenhum. Quem somos nós para apontar erros? Quem somos nós para definir a nossa cultura e raça como a melhor e inferiorizar todas as outras? Nunca se esqueçam que quando apontam o dedo a alguém estão três a apontar para nós!

É doloroso ver e perceber alguém, cuja cor da pele não seja branca, ter de se esforçar o triplo para usufruir as mesmas oportunidades do que o "branco". Custa crer que na aceitação de currículos para um emprego, tudo o que seja diferente da raça predominante dessa empresa é automaticamente descartado. Custa a crer que não conseguimos dar mais valor ao interior do que o exterior da pessoa.

Se neste momento és quem defende e partilha a frase "all lives matter" (todas as vidas importam) e estás a focar-te só no "black lives matters" (vida de negros importam), eu comento o seguinte: é óbvio que todas as vidas importam, mas neste momento não tens a tua vida ameaçada. Pensa comigo, se na tua rua tens cerca de 40 casas e uma delas está a arder o que fazes? Apesar de todas as casas serem importantes, os bombeiros não vão a todas, vão apenas à que está a arder. E, neste momento, a tua vida também importa, mas é a vida de pessoas de outra raça que está a "arder".

Não adianta começares agora a dizer que te preocupas com a segregação racial e a fazer publicações contra, quando tens preconceitos, quando sempre foste uma pessoa que de alguma forma diferenciavas o ser humano e até fazias comentários racistas, muitas vezes sem te aperceberes. Se sempre fizeste parte do sistema que oprime e segrega os negros então mostra quem realmente és ou muda!

Gostava que este texto conseguisse chegar o mais longe possível, não para ser só "mais um" a aparecer no vosso feed das redes sociais, mas para lerem algo que foi escrito de forma revoltada e de coração nas mãos. Revoltem-se como eu me revoltei a escrever sobre este tema, mas não recorram à violência. Revoltem-se sem perder a razão, uma mensagem ganha mais força quando é passada através de ações que marcam, tal como Martin Luther King disse "O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.".

Não se cansem, não deixem que o "grito dos maus" nos abafe, pois somos todos iguais, merecemos todos as mesmas oportunidades e merecemos todos ser amados.

Termino a pedir para continuarem firmes.  Caso pensem em desistir, lembrem-se da frase de Nelson Mandela "Ninguém nasce a odiar outra pessoa pela cor da sua pele, da sua origem ou ainda da sua religião. Para odiar, as pessoas precisam de aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar.".

Espero pelo dia em que sejamos todos amados.

Lucas Correia