E se amanhã acordássemos invisíveis?
Esta guerra acabava? Lutamos agora, não contra um vírus, mas contra nós próprios.
Sempre que inferiorizes qualquer pessoa só por ser diferente da tua raça ou cultura, estás a cometer um crime ético, chamado racismo.
A nossa sociedade parece que evoluiu apenas em termos tecnológicos, e tudo o que esteja diretamente relacionado connosco, como o ambiente, a educação e o dever cívico estão estagnados há muito tempo!
Existe uma enorme desigualdade entre as diferentes etnias, o que não faz sentido nenhum. Quem somos nós para apontar erros? Quem somos nós para definir a nossa cultura e raça como a melhor e inferiorizar todas as outras? Nunca se esqueçam que quando apontam o dedo a alguém estão três a apontar para nós!
É doloroso ver e perceber alguém, cuja cor da pele não seja branca, ter de se esforçar o triplo para usufruir as mesmas oportunidades do que o "branco". Custa crer que na aceitação de currículos para um emprego, tudo o que seja diferente da raça predominante dessa empresa é automaticamente descartado. Custa a crer que não conseguimos dar mais valor ao interior do que o exterior da pessoa.
Se neste momento és quem defende e partilha a frase "all lives matter" (todas as vidas importam) e estás a focar-te só no "black lives matters" (vida de negros importam), eu comento o seguinte: é óbvio que todas as vidas importam, mas neste momento não tens a tua vida ameaçada. Pensa comigo, se na tua rua tens cerca de 40 casas e uma delas está a arder o que fazes? Apesar de todas as casas serem importantes, os bombeiros não vão a todas, vão apenas à que está a arder. E, neste momento, a tua vida também importa, mas é a vida de pessoas de outra raça que está a "arder".
Não adianta começares agora a dizer que te preocupas com a segregação racial e a fazer publicações contra, quando tens preconceitos, quando sempre foste uma pessoa que de alguma forma diferenciavas o ser humano e até fazias comentários racistas, muitas vezes sem te aperceberes. Se sempre fizeste parte do sistema que oprime e segrega os negros então mostra quem realmente és ou muda!
Gostava que este texto conseguisse chegar o mais longe possível, não para ser só "mais um" a aparecer no vosso feed das redes sociais, mas para lerem algo que foi escrito de forma revoltada e de coração nas mãos. Revoltem-se como eu me revoltei a escrever sobre este tema, mas não recorram à violência. Revoltem-se sem perder a razão, uma mensagem ganha mais força quando é passada através de ações que marcam, tal como Martin Luther King disse "O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silêncio dos bons.".
Não se cansem, não deixem que o "grito dos maus" nos abafe, pois somos todos iguais, merecemos todos as mesmas oportunidades e merecemos todos ser amados.
Termino a pedir para continuarem firmes. Caso pensem em desistir, lembrem-se da frase de Nelson Mandela "Ninguém nasce a odiar outra pessoa pela cor da sua pele, da sua origem ou ainda da sua religião. Para odiar, as pessoas precisam de aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar.".
Espero pelo dia em que sejamos todos amados.
Lucas Correia