Família de quatro patas.

04-07-2021

É muito difícil definir o amor que se sente pelos nossos animais de estimação, a verdade é que são família e, muitas vezes, mais do que família.

Ao longo da minha existência os meus pais estiveram, com alguma frequência, ausentes por acasos da vida e a minha maior companhia foram sempre os meus animais. Podia falar de todos eles, mas hoje vou falar do meu Quinoa, o meu grande amor.

Numa das alturas mais difíceis da minha vida o Quinoa, um gato muito bonito e inteligente, foi-me oferecido por alguém também especial. Nos dias em que me sentia sozinha, em que o céu não brilhava e as lágrimas me caiam pela face, era ele que estava lá ao meu lado. Sempre ouvi dizer que não devemos humanizar os animais, "cada macaco no seu galho", não discordo totalmente, mas a verdade é que o meu gato foi muito mais próximo, amigo e companheiro do que muitos humanos. Ele sentia quando eu estava bem ou quando estava mal. Falava muito com ele, pois era o meu melhor ouvinte. O mais bonito de tudo é que quando chegava a casa ele estava lá para me dar carinho, mesmo depois de ter estado o dia todo sozinho. Não havia regresso a casa mais feliz.

Um dia, quando cheguei da escola, olhei para ele e vi que algo não estava bem, tinha a barriga muito inchada e estava sempre a dormir e o seu olhar estava triste. Levei-o ao Veterinário, mas quando lá cheguei tinham passado 5 minutos depois da hora do fecho. Vi que os funcionários ainda lá estavam e bati à porta. Disseram-me que para o verem teriam de me cobrar o preço de uma consulta de urgência. Não tinha o dinheiro suficiente comigo e por isso tive de me vir embora, com o meu fiel amigo, doente. Sinceramente, pensei que não seria nada de mais e que um comprimido curaria tudo e depressa ele ficaria bom e à minha espera para brincar com o "Luluqui", o seu peluche.

Na verdade, o dia seguinte foi negro, frio e triste, porque o meu menino já não estava lá vivo e percebi que nunca mais me iria esperar em frente à porta, lamber-me a cara (sua estratégia para que eu lhe desse atenção), nem animar-me nos dias mais cinzentos. Voltei a estar novamente sozinha...

A ausência do Quinoa foi, até hoje, a mais triste ausência da minha vida. Não consigo impedir que as lágrimas se soltem enquanto escrevo este texto. Não consigo não me lembrar dele todos os dias. Para muitos humanos é só um gato, para mim era mais do que um "humano". Resta-me o seu peluche, ainda com o seu cheiro, e todas as memórias que levo no meu peito.

Todos nós que gostamos de animais temos um Quinoa na nossa vida. Se ainda está convosco aproveitem-no ao máximo. Se já o perderam, lembrem-se que tiveram a oportunidade de fazer com que esse animal fosse feliz e que não fosse mais um maltratado, abandonado e/ou assassinado por esses "humanos" com atitudes muito pouco humanas.

Se és alguém que ama os animais e que já chorou por um, espero que saibas que o teu coração não está sozinho. Se és alguém que não gostas dos animais, por favor, ignora-os mas não os maltrates, porque o karma pode fazer-te nascer num cão, gato ou periquito numa próxima vida.

Amem os vossos amigos de quatro patas, como eu continuo a amar os meus que já partiram.

Daniela Mendes