Se a Saudade não fosse de sangue…

07-08-2020

Quando escrevo sobre saudade, sinto um enorme vazio.

A vida é feita de momentos que marcam. Quando vivemos momentos positivos com alguém temos tendência a sentir falta dos mesmos com o acelerar da vida.

Eu vivi sempre muito à base da saudade, talvez por, na maioria das vezes, estar distante daqueles que mais amo, mas não lamento, nem os culpo, pois, a saudade fez-me valorizar o sentido dos abraços e o recuar de um atrito. Já chorei muito por senti-las, mas quem sou eu para impedir à distância de fazer jus ao seu valor?

Quando tens longe as pessoas que amas, muitas vezes nem sabes aonde pertences, nem sabes quem és. É como se a tua identidade fosse com elas e tu aguardas o seu regresso para te reencontrares.

A saudade pode ser eterna e isso assusta. Assusta porque não estamos preparados para perder alguém que nos é querido e essencial para a nossa felicidade. Temos de voltar a aprender a sorrir e a seguir em frente, lembrando que lá em cima, temos uma estrela que nos guia, para onde formos, mas isso implica que ela não esteja "cá em baixo", junto de nós, para nos abraçar quando as noites forem mais frias, nem para nos secar as lágrimas quando estas caírem. Isto implica crescer. E crescer doí.

A saudade surge pela ausência do toque e do cheiro, mas nunca do sentimento.

No entanto, nem toda a nostalgia é eterna, muitas vezes podemos quebrar este sentimento, deixando apenas o orgulho de parte. Engraçado como temos a capacidade de mutilar o nosso coração quando preferirmos o orgulho ao amor. Somos tão egoístas.

A saudade é ingrata. E nós também o somos, quando escolhemos vivê-la. Um dia não haverá escolha, e aí vem o arrependimento, mas já vem tarde. Por isso, aproveitem cada momento em que não a sentem e vivam cada segundo como se fosse o último.

Aproveitem o poder da vida.

Daniela Mendes